sábado, 7 de abril de 2012

Barcelona

A primavera chegou, e com ela, uma grande diferença no tempo por aqui. Os dia estão terminando tarde, quase às 8 da noite (ainda mais agora que entrou o horario de verão) e estão também bem mais quentes. Chegou a fazer quase vinte graus e pela primeira vez em muito tempo eu fui para a aula apenas com uma camiseta, sem agasalho. Mas todo esse sol eu via apenas entrando pela janela do quarto. Era semana de provas na Supélec, o que quer dizer que não tinhamos tempo para mais nada.

Nessa sequencia uma das provas foi oral. Ou seja, temos trinta minutos para apresentar um tema e uma questão para o professor. Como apresenta apenas um por vez, os dias da prova oral podem ser diferentes. Como a minha caiu na sexta, eu teria a segunda livre, mas em compensação teria também mais provas em menos tempo.

Então, no meio daquela correria toda de semana de provas, percebemos que tinhamos que aproveitar muito aquele final de semana de três dias. Eu, o Bruno e o Raphael resolvemos ir pra Barcelona!

As provas acabaram na sexta de tarde. Foi apenas o tempo de montar a mala, e pegamos o onibus para irmos ao aeroporto.

Chegamos em Barcelona era quase meia noite. Fomos até o hostel, que ficava em uma travessa da La Rambla. Comecei gostando de Barcelona, a La Rambla ainda estava bem movimentada, mesmo já estando um pouco tarde, e com varios restaurantes abertos, coisas que não achariamos em Paris ou em outras cidades européias, por exemplo.

Apenas deixamos as malas no hostel e saimos para comer alguma coisa. Estavamos morrendo de fome. Encontramos uma “padaria” que vendia uns pães, que eram uma baguete aberta no meio com varias coisas em cima e que eram muito bons. Comemos esse pão enquanto endavamos pela rua, e todos os outros dias que ficariamos lá iriamos fazer o mesmo como café da manhã.

No outro dia acordamos cedo e fomos andar ali por perto. Ali ficava uma parte mais antiga da cidade, com várias ruas bem estreitas, que formam um verdadeiro labirinto. Encontramos duas igrejas, uma delas é a Catedral de Barcelona. Eu achei bem interessante que na parte lateral ela tinha um jardim interno bem bonito, que tinha até uma fonte.


Fomos então ver as obras de Gaudi, arquiteto muito famoso e muito importante em Barcelona. As coisas mais impressionantes que eu vi em Barcelona foram desenhadas por ele. Primeiro vimos a fachada da casa Calvet, e então fomos para a Casa Batlló. Era uma casa grande, de 4 andares, e bem diferente, tanto por dentro, quanto por fora. O cuidado com a iluminação, com vários detalhes com as corrente de ar, e as diferentes formas, principalmente meio onduladas, fazem daquela uma casa bem particular. Quando estava de volta em Paris, um amigo francês comentou que a casa o lembrava o mar.


Depois, fomos para a Sagrada Familia. A fila estava gigante, mas fomos até um McDonald’s e usamos a internet para comprar os bilhetes online.

De longe a Sagrada Familia já impressiona. Não apenas por ser grande, mas pela forma dela. Não é uma daquelas milhares de catedrais gigantes e antigas que se encontra em toda parte da Europa. Ela é diferente. De longe ela me lembrou um castelo de areia. Sempre que eu via uma catedral imponente e antiga aqui na Europa, algumas com quase 700 anos (como a Notre Dame), eu ficava imaginando como seria uma catedral que fosse construida nos dias de hoje. A Sagrada Familia me respondeu isso, e foi uma resposta muito boa.

Quando eu entrei, eu realmente me impressionei. Ela era muito iluminada. A luz entrava por claraboias no teto que não eram visiveis, mas de um tal jeito que iluminavam toda a catedral. As pilastras centrais tinham uma tonalidade meio rosa, e na parte de cima elas se transformavam como em galhos de arvores.

A Sagrada Familia também foi projetada pelo Gaudi, e ainda esta em construção.



De lá, pegamos o metro e fomos para o parque Güell, projetado também por Gaudi. Saindo do metro, andamos um pouco, e como o parque fica em cima de um morro, existem escadas rolantes para ajudar a chegar lá. Estavamos bem alto, e de lá é possivel ver toda Barcelona até o Mediterraneo. Na parte mais alta existe um amontoado de pedras com uma cruz, onde é possivel subir para se ter uma visão melhor ainda. Várias pessoas aproveitavam para ficar ali descansando um pouco.

Estava um sol bem forte. O parque era bem grande, e muito bonito.

 


Fomos então para o Camp Nou, a casa do Futbal Club Barcelona. Chegamos por volta das 17h, e como sabiamos que ia ter um jogo contra o Athletic Bilbao naquele dia, fomos ver se ainda dava para comprar ingressos. Estava tudo esgotado, mas talvez eles colocassem mais alguns à venda à partir das 18h. Comemos um cachorro quente ali dentro do estadio mesmo, e ficamos esperando. Quando voltamos um pouco antes das 18h tinha uma fila bem grande, mas conseguimos comprar os ingressos.

Ficamos esperando por ali até a hora do jogo. O jogo começou as 22h. Como compramos bem em cima da hora, os nossos lugares eram na mesma área, mas não eram juntos. De qualquer forma, ficamos atrás do gol, no anel mais baixo, a muitos poucos metros do gramado.


No primeiro tempo, o Iniesta fez um gol do lado que a gente estava. E deu pra ver o Messi jogando muito. No segundo tempo, como o Barça estava atacando pro outro lado pensamos que iamos sofrer um pouco pra ver o jogo. Mas deu pra ver o Pique jogando muito, e até tirando uma bola em cima da linha do gol. No segundo tempo o Messi fez um gol.

A torcida no estádio é bem mais calma que no Brasil. Os lugares são respeitados, e todo mundo fica sentado. O estádio estava lotado, mas eu achei que o pessoal não vibra tanto como no Brasil.

Depois de voltarmos pro Hostel ainda saimos mais uma vez, para conhecer Barcelona de noite, e aproveitar e comemorar o aniversário do Raphael, que foi no domingo, 1° de abril (não é mentira!).

No domingo fomos conhecer a vila Olimpica, que fica no Parc de Montjuic. Como o parque fica em um morro, se tem uma vista bem legal de lá. O estádio é bem bonito, e na frente dele tem um patio bem grande, com vários niveis, e uma fonte de água escorrendo entre um nivel e outro. Ali tem também uma antena bem diferente. Andamos bastante por lá.


De uma parte do morro, é possivel pegar um teleférico que vai até a Barceloneta, a principal praia de Barcelona. O legal é que ele passa por cima do mar, e se tem uma visão completa da marina, com vários barcos e iates muito grandes e luxuosos.

Fazia muito tempo que eu não ia para uma praia. Por os pés em uma areia aquecida pelo sol e ter uma imensidão de água salgada à sua frente. Era a primeira vez que eu me encontrava com o Mediterraneo. Mesmo que a praia de lá não fosse de pedra, ela não era aquela areia fina que se tem no Brasil. Era uma areia muito mais grossa. E apesar do sol, ainda é só o inicio da primavera, e a brisa do mar deixava tudo meio frio. O mar não tinha ondas, era calmo como uma piscina; mas é verdade que a água era tão limpa, que chegava a ser meio transparente.Eu achava que não teria como se divertir muito na água sem ondas, mas não tinha nem como entrar. A água estava muito gelada, era impossivel dar mais do que um passo para dentro.

Bateu uma saudades das praias do Brasil.


A noite, fomos para uma pequena praça que ficava em um travassa da La Rambla. Ela tinha uma fonte no centro e era cercada por vários restaurantes. Ficamos lá comendo uma pizza e conversando bastante.

No outro dia, estavamos andando pela La Rambla, procurando o restaurante de um hotel que tinham nos indicado para almoçar. Antes, tinhamos tentado ir no restaurante mais antigo de Barcelona, mas como era segunda ele estava fechado. A Rambla estava bem movimetada e uma coisa muito comum lá são aquelas estátuas humanas. Algumas delas são muito bem feitas e tem uma fantasia espetacular.

O restaurante do hotel era muito bom. Ele era muito barato, mas mesmo assim comemos muito bem; um prato de entrada, o prato principal, a sobremesa, mais pão, água e vinho. Tudo muito gostoso. Quando fomos pedir mais alguma coisa para a moça que estava nos servindo, ela nos avisou que ela era brasileira. Então era por isso que ela estava entendendo o nosso portunhol!

Passamos pela praça de Catalunya, para pegarmos o onibus que ia nos levar até o aeroporto. Chegamos no aeroporto e vimos que a maioria dos vôos estavam atrasados, mas o nosso pelo menos indicava que ele estava no horário certo.

Na fila do check-in, algo inusitado aconteceu. O cara que estava atrás da gente era o mesmo que tinha sentado do meu lado no jogo do Barça. Ele até me pediu se no segundo tempo eu podia trocar de lugar com um amigo dele que estava ainda mais perto do gramado.

Fizemos o check-in, fomos para a sala de embarque, e esperamos. O aeroporto de Barcelona não faz a chamada dos vôos pelo alto-falante, então tinhamos que ficar toda hora olhando nos paineis. Chegou 17:30, a hora que o nosso vôo devia sair, e apareceu que ele ia atrasar 10 minutos. 10 minutos se passaram, e apareceu que ele ia atrasar ainda mais, e assim foi, por umas duas horas. Quando finalmente não apareciam mais informações sobre o portão do vôo, fomos procurar o pessoal da compania aérea.

Os controladores aéreos da França estavam de greve, e portanto nenhum vôo que fosse para a França ou passasse por cima dela estava saindo. Tinham vôos cancelados não apenas para a França, mas também para a Alemanhã, Compenhagem, Italia, e todo o leste europeu.

Até que uma hora alguém anunciou que todos os vôos para Paris tinham sido cancelados, e que deveriamos recuperar as bagagens que tinhamos despachados e voltar ao saguão do aeroporto.

Quando chegamos no estande da nossa companhia, tinham três filas gigantes, e dois atendentes para cada fila. Ficamos três horas lá. Enquanto esperavamos, descobrimos que a greve dos controladores seria de dois dias, segunda e terça. Uma hora, um funcionários veio informar a todos que eles teriam vôos para Paris apenas à partir de quarta. Cinco minutos depois ele voltou e disse que todos os vôos de quarta já estavam lotados, e eles só teriam à partir de quinta. Nisso ainda estavamos no meio da fila. Tentamos comprar logo passagens de trem pela internet, mas como não dava para imprimirmos elas, só poderiamos comprar na estação de trem. Percebemos então que não teria como, embora as nossas aulas começassem de novo na terça de manhã, o mais cedo que conseguiriamos chegarem Paris era terça a tarde.

A companhia aéria nos disse que o que eles poderiam fazer era reemboulsar nossas passagens. Como foi uma causa maior que causou todo o problema, eles não se responsabilizavam, então eles não iriam pagar hotel para gente nem nada do tipo.

Saimos do aeroporto eram mais de onze da noite e fomos correndo para a estação de trem principal. Chagando lá tudo estava fechado. Tinhamos pensado em ficar por ali esperando até as 5 da manhã, hora em que os guichês iriam abrir, mas descobrimos que a estação fechava durante a noite, e iria abrir apenas as 4 e meia.

Saimos da estação sem rumo e sem saber o que fazer. Ela ficava em um lugar da cidade que não tinhamos ido. Na verdade era um lugar bem calmo. O problema é que era calmo de mais, então não iriamos encontrar nada ali por perto que ficasse aberto de madrugada. Pensamos em procurar um supermercado 24 horas, um café, um barzinho, ou qualquer coisa do tipo.

Então vimos que na parte de cima da estação de trêm ficava um hotel. Subimos o elevador e chegamos em um hall de entrada bem chique. Mas, quando perguntamos, nos falaram que eles não tinham mais quartos disponiveis para 3 pessoas.

Fomos para a porta do hotel. A porta dava para o estacionamento, e ambos ficavam no terraço da estação. Ficamos ali discutindo o que iriamos fazer, conversando um pouco sobre tudo, e acabamos passando quase a noite toda lá. Em uma certa hora descobri que tinha um trailer ali perto que ficava aberto, e vendia café e salgadinho. Bebi apenas o café.

Mais tarde, um dos recepcionistas do hotel até falou para a gente ficar ali dentro, em umas mesinhas do saguão de entrada.

No outro dia, assim que abriram os giches de venda da estação de trem, já estavamos lá. Compramos as passagens, pegamos o trêm às 8 e meia, e no final da tarde finalmente chegamos à Paris, bem cansados.

Barcelona nos encantou tanto, que nos três estavamos de acordo que, apesar de tudo, aquela viagem tinha valido muito a pena.



Ps.: Dia 1º de abril era aniversario do Renato também. Que ele esteja bem.

Um comentário:

  1. Por coincidência, saiu esta semana uma reportagem na Folha sobre as belezas de Barcelona... Para quem gosta de balada, a vida noturna é uma grande festa. Aos amantes das artes, a cidade parece um museu a céu aberto. A comida é farta e apetitosa. E se você curte um bronzeado, não faltam belas praias à beira do Mediterrâneo. Concluía dizendo que hoje é quase impossível não se apaixonar pela cidade, que se revitalizou graças às Olimpíadas de 1992.

    Que bom que vc esteve lá e aproveitou as maravilhas do lugar!!!

    Beijos
    Suleima
    p.s. Ainda bem que na Europa os trens são uma excelente alternativa ^.^

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