É verdade
que nunca tive uma vontade muito grande de conhecer a Alemanha. Nesses dois
anos que estive aqui, só tinha ido uma única vez até Munich, isso que era a
Oktoberfest. Felizmente, consegui corrigir esse grave erro a tempo. Depois de
ter ouvido as melhores coisas possíveis de todos que já tinham visitado Berlim,
resolvi ir conhecê-la. Utilizei o feriado do dia 15, que por ser uma quinta ia
emendar a sexta, e provavelmente ia ser a minha ultima viajem antes de voltar
para o Brasil.
O meu voo
saiu bem cedo. Fiz uma escala em Frankfurt. O aeroporto é incrível. Do lado de
fora, ainda no avião, deu para ver um terminal gigante, o prédio todo
espelhado, e vários símbolos da Lufthansa por todo o canto. Sem contar que eu
vi uns dois A380 taxiando, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Peguei
outro avião e cheguei no fim da tarde em Berlim. Fui deixar as coisas no hostel
e me disseram que eles tinham um pequeno problema. Embora eu tivesse reservado
um quarto de 10 pessoas, eles estavam com overbooking, então eu ia receber um
upgrade para um quarto simples, sem ter que pagar a diferença. Não reclamei, e
o quarto era muito bom. O hostel em si era bem legal. Se chama Circus Hostel, e
tem um bar no subsolo.
Dei umas
voltas pela cidade, e voltei pro hostel. Fui até o bar, que estava bem cheio.
Estava conversando com um inglês e uma inglesa, quando simplesmente do nada, apareceu
um cara que fez Calculo I comigo na Poli. Isso a uns 5 anos atrás! Sério, às
vezes me impressiono como o mundo é pequeno.
Na verdade
o hostel estava cheio de brasileiros. Aquela noite, quando mais tarde fomos
para um outro bar, devíamos ser uns 12 brasileiros. Até acabei conhecendo
depois dois cariocas que eram bem gente boas.
No outro
dia, foi difícil acordar mesmo que já fossem 11 da manhã. Tomei um café da
manhã bem reforçado no hostel mesmo, e fui fazer o walking tour. Berlim é uma
cidade gigante, com muita historia e varias coisas interessantes para se ver. O
walking tour demorou umas 4 horas, talvez até mais, mas ele foi muito legal.
Começamos
pela ilha dos museus, mais especificamente no Lustgarten. Um jardim muito
bonito, com um museu ao fundo, e uma bela catedral em um dos lados. Fomos andando
até uma pequena construção, Neue Wache, que é um memorial de guerra, onde no
interior tem uma comovente escultura que representa uma mão com o seu filho
morto nos braços.
Passamos
por vários domos, e por uma casa de opera, até chegarmos ao Checkpoint Charlie.
Esse era um dos únicos três lugares onde se era possível passar de Berlin
Oriental para Berlin Ocidental. No caminho, a nossa guia sempre ia contando
diversas historias, sempre bem interessantes.
Uma coisa
que eu já tinha notado era que o farol de pedestres tinham uns bonequinhos
diferentes. Na época em que Berlim estava separado, talvez para melhorar um
pouco o animo da parte leste, o governo resolveu criar o Ampelmännchen, esse
personagem bem simpático que diz para as pessoas se elas podem ou não atravessar
a rua. Na época da reunificação, eles foram extintos. Mas as pessoas gostavam
tanto deles que houve uma certa revolta. Hoje, eles podem ser encontrados em
toda a antiga parte leste, e até em certas partes ocidentais. Sem contar as
diversas lojas de souvenirs que vendem o Ampelmänchen estampado em tudo o que
se possa imaginar.
Seguimos
então para frente do museu da Topografia do Terror, onde se pode ver uma parte
do muro de Berlim ainda de pé. Passamos por alguns prédios construídos na época
nazista, até chegarmos a um estacionamento ao ar livre. Nada, a não ser uma
pequena placa, indicava que ali era o local do antigo bunker onde Hitler se
suicidou.
Não muito
distante, fica o memorial ao Holocausto. Uma área bem grande, com imensos blocos
de concreto preto enfileirados. Além disso, o solo é bem desnivelado. Olhando
de fora não parece, mas uma pessoa inteira pode desaparecer atrás dos blocos.
Por ultimo,
fomos até o Portão de Brandemburgo, um dos maiores símbolos da cidade.
Antes de
voltar para o hostel, ainda paramos em um barzinho, para experimentar algumas
especialidades alemãs. Tomamos vários tipos de cerveja, todas boas e baratas.
Tinha até uma que era verde.
De noite,
como estava muito cansado, tinha prometido a mim mesmo ir dormir não muito
tarde. Claro que não deu certo. Tínhamos ido apenas a um barzinho ali perto, e
acabamos conhecendo um brasileiro que morava em Berlin. O que foi muito bom,
pois ele deu varias dicas interessantes, o que incluía um outro bar, ali perto,
que claro que fomos conhecer.
No sábado,
a primeira coisa que fiz foi ir até o estádio olímpico. Esse estádio foi construído
na época do domínio nazista, quando eles sediaram as olimpíadas de 1936. Na época,
eles queriam mostrar toda a sua força para o mundo, e o estádio é realmente grande.
Ele tem uma fachada toda em pedra, o que o torna bem imponente.
Depois,
voltei até o centro e entrei no museu da Topografia do Terror. Ele é muito
interessante. Existem varias informações, e eles explicam em detalhes como a
Gestapo foi utilizada durante o regime nazista.
Saindo de lá,
dei uma volta por um parque ali perto, onde se encontra um grande obelisco.
Fui então
até a East Side Gallery. Um pedaço do muro que ainda esta de pé, com quase 1 quilometro
e meio de extensão. Mas ele tem algo de especial. Logo após a unificação, no
calor do momento, diversos artistas pintaram aquela parte do muro. Aquelas
pinturas, verdadeiras obras de arte ao ar livre, refletem bem a temática da
época.
Eu só
fiquei meio chateado que varias das pinturas estão meio destruídas,
principalmente por causa de pessoas que assinam seus nomes ou fazem outros desenhos
por cima.
Aquela
noite, depois de voltar pro hostel, ainda saímos para um lugar lá perto. Foi difícil
acordar no outro dia para pegar o avião. Fui embora, mas com uma vontade muito
grande de ficar. Gostei muito de Berlim, de um jeito que eu não esperava.
Berlim é uma cidade bem cosmopolita, com diferentes tipos de pessoas. Além
disso, tem muita coisa interessante para ver e fazer em Berlim, e tem muita
coisa que eu queria fazer mas não deu tempo. Eu tenho que voltar pra lá.